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Saber falar não é saber comunicar

Já todos nós ficámos aborrecidos com algo que alguém nos disse. Quando refletimos no que provocou aquela reação, chegamos muitas vezes à conclusão de não ter sido o que foi dito, mas sim a forma como foi dito que teve um impacto maior em nós.

Já todos nós ficámos aborrecidos com algo que alguém nos disse. Quando refletimos no que provocou aquela reação, chegamos muitas vezes à conclusão de não ter sido o que foi dito, mas sim a forma como foi dito que teve um impacto maior em nós.

A grande diferença entre falar e comunicar traduz-se simplesmente nisto, sentimos desconforto não pelas palavras, mas acima de tudo pela forma como elas foram ditas! Se pensarem bem, numa ou noutra situação na nossa vida em que alguém nos disse algo que nos incomodou, no geral nem nos lembramos bem das palavras proferidas, mas sim do tom de voz, das expressões faciais, dos gestos e da linguagem …

Mas vamos começar pelo princípio e ver, em mais detalhe, em que consiste falar e comunicar para percebermos melhor a diferença.

Comunicar é um processo interativo, desenvolvido em contexto social. Necessita de um emissor que codifica e formula a mensagem e um recetor que a descodifica e a compreende.

Linguagem é o código usado para estabelecer comunicação e conseguir transmitir pensamentos, ideias, opiniões, informações, sentimentos, … Existem dois tipos principais de linguagem: a linguagem verbal e a linguagem não verbal. A linguagem verbal utiliza palavras para estabelecer a comunicação, que são utilizadas tanto de forma escrita como oral. A linguagem não verbal não utiliza palavras, recorre a outras formas de comunicação, como gestos, expressões faciais, postura corporal, sinais, símbolos, cores, luzes, …

Falar é quando a mensagem produzida usa palavras e é transmitida oralmente.

Percebemos, assim, que falar é apenas uma parte restrita do processo de comunicação e, como tal, o facto de termos muito vocabulário, dominarmos um assunto e conseguirmos debitar muitas palavras por minuto não nos garante que sejamos entendidos. Podemos mesmo dizer que estas são muitas vezes as maiores armadilhas para uma boa comunicação. Quando pensamos que dominamos a oralidade e o assunto, na maior parte das vezes estamos mais preocupados com a transmissão da mensagem do que propriamente na forma como a queremos comunicar. Já assistiram alguma vez a uma apresentação de um expert de um determinado assunto, que expôs de forma extensa todos os seus conhecimentos e sentiram que não estavam a perceber nada? O orador teria todo o interesse em lembrar que, ao contrário de falar, comunicar é uma via de dois sentidos em que enviamos a mensagem para a qual devemos receber um feedback de modo a garantirmos que é aceite e entendida.  Podemos, ainda, estar a fazer o melhor discurso do mundo, tendo sido este muito bem escrito e, no entanto, não estarmos a ter o sucesso pretendido com a mensagem que queremos passar.

Mesmo quem já tem alguma experiência em comunicar e falar em público sente, por vezes, algumas dificuldades (por exemplo, alguém que já usou o mesmo discurso em múltiplas ocasiões, obtendo sempre um excelente feedback, e que não consegue a mesma reação com um determinado público).

A arte da comunicação é um processo complexo que implica conseguir de forma bastante clara responder, em primeiro lugar a nós próprios e depois aos outros, às seguintes questões: Quê?; Quem?; Quando?; Porquê?; Como?

  1. Quê – o que queremos comunicar.
  2. Quem – a quem se destina a nossa comunicação.
  3. Quando – timing e/ou timings para comunicar.
  4. Porquê – qual o motivo da comunicação e qual o resultado que pretendemos.
  5. Como – como o vamos fazer.

Comunicar exige um maior cuidado e atenção face ao que é necessário para simplesmente falar, mas sabemos que uma das melhores formas para obter mais sucesso, atingir os objetivos definidos, evitar conflitos e mal-entendidos e estabelecer uma melhor conexão interpessoal, é melhorando a nossa capacidade comunicativa.

Dina Barreiros
Fundadora e Mentora HumanLab

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