Os relacionamentos interpessoais são principalmente definidos através da comunicação, ou seja, a forma como transmitimos uma mensagem, informação ou até mesmo sentimentos. A comunicação interpessoal não se resume apenas a linguagem verbal, na forma oral e escrita. Inclui também a linguagem não verbal, que assume um papel muito importante. (Dedicaremos um artigo exclusivamente à comunicação não verbal devido à extensão do tema.)
Neste contexto, eleva-se, então, um fator de extrema importância para a boa comunicação interpessoal, a empatia.
A definição mais simplista de empatia é: “capacidade de nos colocarmos no lugar de outra pessoa”. Quando nos imaginamos no lugar do outro, conseguimos ter uma ideia aproximada do que ele está a sentir, compreendemos o que nos quer transmitir, promovendo, assim, uma maior e melhor conexão, graças a uma comunicação eficaz e positiva.
Surge, assim, o conceito de comunicação empática, que consiste em compreender, de modo desinteressado, o outro, independentemente das diferenças, crenças e culturas, tendo em consideração as vulnerabilidades, necessidades e motivações da outra pessoa.
No livro intitulado “Foco – O Motor Oculto da Excelência”, Daniel Goleman classifica a empatia sob três perspetivas:
- Empatia cognitiva: capacidade de compreender a perspetiva da outra pessoa.
- Empatia emocional: a mestria de sentir o que a outra pessoa sente.
- Preocupação empática: a competência de perceber como é que a outra pessoa precisa de nós.
Esta conceção pode ser traduzida no dia a dia por meio de práticas que favorecem as boas relações interpessoais e os diálogos saudáveis. Devemos considerar, então, 4 premissas básicas para uma comunicação empática:
1. Escutar sem julgar ou criticar
Uma das chaves para uma comunicação empática é o conceito de escuta ativa (muito diferente da passiva que estamos acostumados a utilizar). Quantas vezes já se deu conta, enquanto conversava com alguém, que estava a pensar em algo diferente daquilo que estava a ser dito?
A concentração, na escuta ativa, estáfocada na compreensão do que o interlocutor diz, e não no que podemos responder sobre o que ele diz. Por outro lado, tendencialmente, durante o processo de escuta ativa, quando duas ou mais pessoas estão em desacordo, instala-se um julgamento de parte a parte. Estar consciente das diferenças, aceitando-as, abre caminho para uma atitude de não julgamento, que permitirá um diálogo sem conflitos e que tem em mente que não se trata de estar certo ou errado, mas apenas de diferentes perspetivas sobre a mesma questão.
2. Compreender o que o outro diz
Colocarmo-nos no lugar do outro é sempre a melhor forma de compreender os seus pontos de vista, exercitando a empatia através de uma escuta atenta. No entanto, como já referimos anteriormente, somente ouvir não é suficiente – é essencial compreender o que o outro diz.
Para isso, é necessário estar realmente presente na conversa, prestar atenção aos gestos, valores e sentimentos envolvidos na comunicação e de ser capaz de encorajar o outro a partilhar, sem receios e de modo autêntico, as suas opiniões e ideias, valorizando-as mesmo que sejam contraditórias às nossas.
3. Ser entendido
A comunicação empática tem dois lados: ouvir e falar. Além de adotar um bom tom de voz, que demonstre iniciativa, proatividade, educação e empatia, o discursodeve ser claro, assertivo e objetivo.
Os feedbacks são uma ferramenta essencial para a eficácia da comunicação empática, no que diz respeito a este ponto, pois através deles é possível saber se o que está a ser comunicado está a ser recebido da forma correta.
4. Utilizar afirmações positivas e construtivas
Na prática, acomunicação empática traduz-se, sobretudo, num discurso gentil, compassivo e que deve manifestar-se por frases construtivas e positivas que demonstram respeito, reconhecimento, apoio e emoção, sendo estas muito eficazes em qualquer relacionamento, desde os mais íntimos até aos profissionais e sociais.
Exemplos:
Admiro a sua capacidade de trabalho. (respeito)
Percebo que se sinta desmotivado. (emoção)
Vejo que se empenhou muito neste relatório. (reconhecimento)
Pode contar comigo na realização do projeto. (apoio)
O uso deste tipo de frases pode parecer-lhe, no início, um discurso forçado, especialmente se não tem esta prática. A solução é simplesmente dizer o que verdadeiramente pensa ou sente, mas dizê-lo de forma construtiva, sem frieza, agressividade ou acusações.
Quando, por oposição, utilizamos uma forma impessoal para transmitir a mensagem ou tentamos fazer prevalecer o nosso ponto de vista a todo o custo, apenas conduzimos a comunicação para um ponto sem retorno. Se queremos, genuinamente, comunicar de forma empática, os resultados não importam, não existe competição e muito menos um discurso agressivo na imposição de uma ideia. A melhor forma de ultrapassar este obstáculo passa por não encarar as coisas de modo pessoal, como se de ataques se tratassem.
A partir do momento em que percebemos o papel crucial que a comunicação desempenha nas nossas vidas, começamos a constatar, também, que a maioria das pessoas raramente comunica com a atenção e a consciência necessárias, resultando, inevitavelmente, em sucessivos equívocos, mal-entendidos e conflitos.
Transformar a comunicação em empática implica tomar consciência da forma como falamos e ouvimos, identificar e reconhecer os erros atuais e adotar um esforço em ambas as partes para que tal aconteça. Contudo, a partir do momento em que ela se torna rotineira, as relações interpessoais melhoram em todas as áreas das nossas vidas. Além disso, as pessoas tornam-se mais produtivas e o ambiente fica mais agradável e assertivo.
Experimente!
Dina Barreiros
Fundadora e Mentora HumanLab