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A capacidade de comunicar não é inata, adquire-se.

A minha experiência de vida é um bom exemplo desta grande verdade.

Sempre fui aquele tipo de aluna tímida e discreta, que preferia estar por detrás da execução dos trabalhos e deixar a comunicação para os colegas que tinham o dom da palavra.

Se pensei alguma vez ser formadora? Claro que não, pois sempre assumi que não nascera com essa capacidade. Licenciei-me em ciências farmacêuticas com o desejo de passar os meus dias num laboratório a formular emulsões e outros cosméticos, onde apenas teria de comunicar com as espátulas, balanças, pipetas, lâminas e demais equipamentos. A minha comunicação estender-se-ia no máximo a alguns chavões mais técnicos.

O desafio da comunicação assertiva começou quando, diariamente, tinha de falar com os utentes da farmácia onde estagiei e trabalhei. Foi aí que experienciei o real poder da comunicação: muitas vezes na simples forma de um sorriso ou de um “bom dia” conseguia mudar o dia de alguém. A farmácia é um local onde a comunicação é uma ferramenta essencial e importante não só porque precisamos de transmitir instruções acerca de como tomar os medicamentos, mas também incentivar os utentes a tomá-los e esclarecer as suas dúvidas. Também devemos saber escutar de forma atenta e interessada. Frequentemente a adesão à terapêutica de forma correta depende apenas disso.

Sentia-me válida na farmácia, mas não podia deixar de perseguir a minha paixão – a dermocosmética. A primeira proposta que tive nesta área foi como formadora e, visto que não podia desperdiçá-la, aceitei. O desafio aumentou, então, grandemente, pois agora teria de comunicar para um grupo de pessoas. No princípio foi difícil, sem dúvida, mas a motivação era forte para seguir em frente. Inicialmente sentia sempre as mãos suadas, a garganta seca,  a cabeça a mil e acreditava que não ia conseguir lembrar-me de nada. A apresentação era feita quase sem respirar e a rezar para que não me fizessem perguntas.

Não sei precisar a partir de quando é que comunicar se tornou prazeroso, mas rapidamente se tornou gratificante partilhar um tema que dominava, aprender a fazer pausas para respirar e estruturar o que ia dizer a seguir. Aprendi a não ter medo de perguntas, a ser eu própria a colocá-las e sentir-me bem na interação com os outros, sabendo que estava a acrescentar valor.

A facilidade de comunicar adquire-se e pratica-se e este era sempre o mote para o início da formação de uma nova formadora. Para começarem, tinham que conhecer muito bem o tema que iriam apresentar. Nunca ninguém sabe tudo, mas desde que conseguisse acrescentar algo mais ao que a audiência já sabia, então estava pronta. 

Dina Barreiros
Fundadora e Mentora HumanLab

1 comentário em “A capacidade de comunicar não é inata, adquire-se.”

  1. Se hoje sinto alegria e entusiasmo no meu trabalho enquanto formadora à Dina o devo. 🙂
    Sou farmacêutica e desde a saída da faculdade que iniciei esta aventura na formação de cuidados dermocosméticos com a Dina a orientar-me. Posso dizer que fui uma privilegiada, pois sempre tive alguém que acreditou em mim, que me lançava os mais desafiantes projectos, que mesmo quando eu achava que já não havia mais nada para acrescentar me mostrava sempre que somos capazes do muito mais. Se hoje sinto confiança em transmitir os meus conhecimentos e motivada para novos desafios profissionais deve-se à forma como a Dina, de uma forma discreta e muitas vezes sem eu dar conta, me transformou.
    Obrigada!

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